Ufa! que dia.

A vida é realmente uma caixinha de surpresas.

Todos os dias, depois de deixar minha esposa em seu trabalho, me dirijo para o meu. Como chego muito cedo, normalmente dá tempo de tirar um pouco do sono atrasado dentro do carro. Porém essa semana tem sido especialmente difícil. Tenho tentado colocar minha literatura em dia, já que na semana que vem a aulas da faculdade retornarão.

Em um desses dias me flagrei pensando no comportamento humano, ou na falta dele. Cheguei a uma conclusão que, mesmo rasa e sem nenhuma comprovação científica me parece correta.

Nos dias de hoje é muito comum que as pessoas esqueçam que ainda vivem em comunidade, e que, as realidades são totalmente distintas. Na luta por um lugar ao sol, temos esquecido da cordialidade, do respeito, da paciência, da educação, enfim da boa convivência.

Existe um capítulo no livro O contrato social, onde Rousseau nomeou de " A vontade geral é indestrutível" que diz assim:

"Enquanto numerosos homens reunidos se consideram como um corpo único, sua vontade também é única e se relaciona com a comum conservação e o bem estar geral".

Isto me leva de volta a reflexão anterior, onde vislumbro nossa total e irresponsável independência.

No nosso país nada é em comum, a não ser, a pobreza e o desrespeito. E isso, já não é uma particularidade dos governantes para com o povo, é também do povo para com o próprio povo. Maquiavel disse em seu O Príncipe que, "aquele que chegasse ao poder deveria de todas as formas tantar se manter lá, usando inclusive a mentira e a dissimulação".

O que nos resta então? Uma luta draconiana pelo poder, usando realmente de todas as armas possíveis? Abandonar o nosso colega da mesa ao lado a própria sorte?

Nem o Socialismo foi capaz de reverter esse quadro, e o pior, nem o Capitalismo também. O nosso egoísmo tem resultado em um gosto amargo a ser engolido pela sociadade atual, e não respeita fronteiras ou barreiras culturais. A vezes as reportagens sobre terremotos no Japão, enchentes no EUA, fome na Africa, parece querer nos acordar desse sono, porém nesse momento a nossa incoerência se revela, pois parecemos nos preocupar com algo que está tão distante, mas não nos preocupamos com aqueles que estão tão próximos. Sei que é clichê, mas é verdade.

Cristo se envergonharia de nós.

Mas ai percebo que ainda estou dentro do meu carro, deito o banco cubro meu rosto para que a luz não me atrapalhe e volto a dormir, pois daqui a pouco tenho que ir para o trabalho. Ai, que sono.