quinta-feira, 7 de março de 2013

Em tempos da economia de consumo.

Eu realmente não sei se sou eu, ou os outros, mas, alguém perdeu o trem da história no que tange aos relacionamentos.

Outro dia estava conversando com um amigo, acabei dizendo a frase: : Ninguém conserta mais nada, no contexto do assunto. Ele, no dia seguinte, demonstrou que havia ficado pensativo. Essa frase dita em um tempo de economia de consumo, pode parecer não fazer sentido, mas, um olhar mais cuidadoso irá notar que no mercado do ser humano, o produto mais barato parece ser ele mesmo.

A intolerância, falta de paciência, ou mesmo de interesse no outro, tem levado a sociedade buscar coisas superficiais e descartáveis. Para que viver um relacionamento mais estável e monogâmico, se as opções são tão variadas? Não estou aqui fazendo o papel do puritano carola, eu até penso que as pessoas precisam viver suas experiências, se certas ou erradas o juízo de valor não me cabe, mas tudo me parece raso demais.

A busca por uma profissão rentável, fatalmente conduzirá ao circulo do consumo e vaidade, mas, ao se garimpar nesse terreno encontraremos no seu imo o sexo como razão, essa teoria não é minha, Freud dizia "a força motriz do homem é o sexo", tudo que a espécie humana faz tem como fim o sexo.

Dessa forma, mesmo que inconscientemente, o fim é o sexo, mas, reside aí, talvez, o problema. Quando eu era mais novo, a busca pela satisfação física passava pela, quase obrigatoriedade de se manter um relacionamento afetivo com a pessoa, ou seja, era preciso, nem sei se esse ainda é o nome, namorar. Namorando a pessoa adquiria certos privilégios, dentre eles o de manter conjunção carnal consentida (bonito isso!). Assim, era comum que o casal, alegando reais sentimentos, mantivessem a sociedade. 

Hodiernamente, não se faz necessário mais a manutenção dessa conjugação, aliás, noto que estranho mesmo é quem ainda liga no outro dia.

Entrei no assunto do sexo para tentar demonstrar o mote do texto, já que a proposta é a constatação de não haver mais tratativa dos problemas para a manutenção das relações, e nesse aspecto, o sexo me parece conditio sine qua non. Como as pessoas não buscam mais conhecerem-se mutuamente e, profundamente, o fato da relação sexual casual amolda-se como guarnição.

Vislumbro dias difíceis e solitários àqueles que não tiverem condição e capacidade de anular-se um pouco em detrimento do outro!

Penso que, como diria Renato Russo "o mal do século é a solidão", e a propriedade introjetada nessa frase, quase sentencia a que repensemos nossos conceitos, desejos e ações para que fujamos dessa premonição.

No mais, o conserto acabará por retornar, e quem sabe os relacionamentos passem a ser melhores, não digo duradouros e longevos demasiadamente, mas como diria Vinícius " que não seja imortal, posto que é chama. Mas que seja infinito enquanto dure."

Sejam felizes.

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