quarta-feira, 25 de março de 2009

Cá, como lá!

Outro dia eu estava lendo O Príncipe de Maquiavel. Lá encontrei uma informação extremamente importante, pelo menos para mim. No livro o autor afirmava que o príncipe poderia se indispor com todas as classes do reino, exceto com aqueles detentores do poder econômico, conhecidos hoje vulgarmente como “banqueiros”.
Fiquei impressionado ao perceber como os séculos passam, mas algumas coisas simplesmente não mudam. Comecei a traçar um paralelo com o nosso momento político mundial, e pude notar o extraordinário poder que o dinheiro tem.
A começar olhemos para o nosso irmão maior, os Estados Unidos da América, dito, berço da democracia contemporânea. Lugar do sonho americano, segundo o qual todo americano tem o direito de se tornar rico através de seus próprios esforços. Em 1929, o crash em sua bolsa fez esse gigante mergulhar em uma depressão tão absurda, que muitos pensavam não ser possível uma recuperação. Mas, como para criar um mito, eles se recuperaram, e ainda se tornaram a maior nação bélico-econômica do atual mundo. Porém, aos moldes do livro, o governo daquele país também não poderia se turbar com os amados financiadores. Com uma política protecionista em relação aos bancos, a menor tentativa de controle externo na administração bancária era prontamente rechaçada. Não demorou o resultado aflorou no ano passado, primeiro timidamente, como a se assomar como bruma, revelando em seguida sua face cruel e maléfica, a quem todos no mundo hoje conhecem como A Crise Mundial.
Por todo o exposto, já seria motivo suficiente para que todos os governos eficientes e eficazes do mundo tomassem medidas urgentes, exceto, talvez, o nosso.
A diferença cruel e massacrante entre a América e o Brasil, é que lá, mesmo com todo o ardor da crise, ainda tem juros menores que cá. A taxa CELIC, fator base de juro utilizado, ainda há pouco era de 12% (ao mês), tome como base o índice da poupança que orbita em torno de 1%, e teremos o elemento objetivo do maior assalto executado contra o povo brasileiro. Essa discrepância nem mesmo Maquiavel profetizou. Penso que mesmo ele acharia vergonhoso e exagerado o tratamento dado aos bancos no Brasil.
Ouvi outro dia de um professor (não revelarei a fonte, a Constituição me garante) que o maior perigo hoje para a democracia brasileira está no poder exagerado do judiciário, pois, em diversos momentos tem excedido sua discricionariedade e muitas vezes, permito-me dizer, legislado. Assim, observando o comportamento do judiciário e o dos banqueiros, não consigo distinguir, onde reside o perigo maior, se nos Daniéis Dantas que, as vezes até legalmente leva o meu dinheiro, ou o judiciário que permite um bandido desses ficar solto.
Nostradamus deve ter ensinado à Maquiavel técnicas de adivinhação (só como referência – a adivinhação é condenada na bíblia), ou a percepção dele era realmente excelente, pois o que ensinou ainda hoje é executado.
Com pesar tomo para mim as palavras de Tomaz Hobbes “o homem é (realmente - grifo meu) o lobo do homem”.

2 comentários:

Samuca Martins disse...

Marcão,
Os juros de lá realmente são infinitamente menores que os de cá, mas eles estão, a largos passos, se equiparando a nós no quesito "homeless". O agravante deles é que não admitem morar na casa de parentes, nem quem precisa e menos ainda quem pode dar abrigo. Talvez seja um sinal de que a crise mundial é mais Americana que propriamente global.
Excelente post !
Abraço.

Erasmo. disse...

É tio, como diria o sábio e experiente Moisés F...!!!
Só pra registrar, essa tal de crise mundial começou foi lá de casa.
Ibrahimmmmm